O eterno parasita
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Luís Eduardo Alló
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"Ainda em algumas partes há povos e rebanhos; mas entre nós, irmãos, entre nós há Estados. Estados? Que é isso? Vamos! Abri os ouvidos, porque vos vou falar da morte dos povos. Estado chama−se o mais fraco de todos os monstros. Mente também friamente, e eis que mentira rasteira sai da sua boca: "Eu, o Estado, sou o Povo". É uma mentira! Os que criaram os povos e suspenderam sobre eles uma fé e um amor, esses eram criadores: serviam a vida.
Os que armam ciladas ao maior número e chamam a isso um Estado são destruidores; suspendem sobre si uma espada e mil apetites. Onde há ainda povo não se compreende o Estado que é odiado como uma transgressão aos costumes e às leis.
Eu vos dou este sinal: cada povo fala uma língua do bem e do mal, que o vizinho não entende. Inventou sua própria língua para os seus costumes e as suas leis. Mas o Estado mente em todas as línguas do bem e do mal, e em tudo quanto diz mente, tudo quanto tem roubou−o.
Tudo nele é falso; morde com dentes roubados. Até as suas entranhas são falsas. Uma confusão das línguas do bem e do mal: é este o sinal do Estado. Na verdade, o que este sinal indica é a vontade da morte; está chamando os pregadores da morte. Nascem homens demais; para os supérfluos inventou−se o Estado! Vede como ele atrai os supérfluos! Como os engole, como os mastiga e remastiga!
"Na terra nada há maior do que eu; eu sou o dedo ordenador de Deus"− assim grita o monstro. E não são só os que têm orelhas compridas e vista curta que caem de joelhos! Ai, também em vossas almas grandes murmuram as suas sombrias mentiras! Eles conhecem os corações ricos que gostam de se prodigalizar! Sim; adivinha−vos a vós também, vencedores do antigo Deus. Saístes derrotados do combate, e agora a vossa fadiga ainda serve ao novo ídolo!
Ele queria rodear−se de heróis e homens respeitáveis. A este frio monstro agrada acalentar−se ao sol da pura consciência. A vós quer ele dar tudo, se adorardes. Assim compra o brilho da vossa virtude e o altivo olhar dos vossos olhos. Convosco quer atrair os supérfluos! Sim; inventou com isso uma artimanha infernal, um corcel de morte, ajaezado com adorno brilhante das honras divinas. Inventou para o grande número uma morte que se preza de ser vida, uma servidão à medida do desejo de todos os pregadores da morte.
O Estado é onde todos bebem veneno, os bons e os maus; onde todos se perdem a si mesmos, os bons e os maus; onde o lento suicídio de todos se chama "a vida". Vede, pois, esses supérfluos! Roubam as obras dos inventores e os tesouros dos sábios; chamam a civilização ao seu latrocínio, e tudo para eles são doenças e contratempo. Vede, pois, esses supérfluos. Estão sempre doentes; expelindo bílis, e a isso chamam jornais e revistas. Devoram−se e nem sequer podem digerir.
Vede, pois, eles adquirem riquezas, e fazem−se mais pobres. Querem o poder, esses incompetentes, e primeiro de tudo o palanquim do poder: muito dinheiro! Vede trepar esses ágeis macacos! Pulam uns sobre os outros e arrastam−se para o lodo e para o abismo. Todos querem abeirar−se do trono; é a sua loucura − como se a felicidade estivesse no trono! − Freqüentemente também o trono está no lodo. Para mim todos eles são doidos e macacos trepadores e buliçosos. O seu ídolo, esse frio monstro, cheira mal; todos eles, esses idólatras, cheiram mal.
Meus irmãos, quereis por agora afogar−vos na exalação de suas bocas e de seus apetites? Antes disso arrancai as janelas e salta para o ar livre! Evitai o mau cheiro! Afastai−vos da idolatria dos supérfluos. Evitai o mau cheiro! Afastai−vos do fumo desses sacrifícios humanos! Ainda agora o mundo é livre a almas grandes. Para os que vivem tolitários ou aos pares ainda há muitos lugares vagos onde se aspira a fragrância dos mares silenciosos.
Ainda têm franca uma vida livre as almas grandes. Na verdade, quem pouco possui tanto menos é possuído. Bendita seja a nobreza! Além onde acaba o Estado começa o homem que não é supérfluo; começa o canto dos que são necessários, a melodia única e insubstituível. Além, onde acaba o Estado... olhai, meus irmãos! Não vedes o arco−íris e a ponte do Super−homem?" - No título "O novo Ídolo", em "Assim falava Zaratustra", Nietzsche.
O eterno parasita está em todo o lugar, guiado pelas revoluções e sociedades secretas com planos de ordem pelo caos e a construção de colônias que são conhecidos como países de terceiro mundo, o eterno parasita controla a tudo e a todos.
A saída não é fácil, porque ele está em tudo consumindo tudo, como o ouroboros. Essa construção criada por tolos tem o objetivo final a ruina de todos. A própria humanidade foi enganada por sua criação.