Novelas e a Engenharia Social
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Se tem uma coisa que não se pode ignorar é que qualquer instrumento de comunicação; seja paga ou livre, não é um mero meio de comunicação, entretenimento, lazer ou cultura; mas sim, um instrumento tendenciosamente ideológico manipulacional da opinião pública e propagação de novas vertentes de comportamento visando um novo sistema de governo e de população.
Dentre esses grandes instrumentos, um dos mais frutíferos são as novelas que com sua capacidade alienatória de percepção dos fatos correntes, consegue introduzir em torno de romances que tocam "os corações" e assuntos cotidianos que se "identificam com o público" todo um conceito que pode influenciar uma geração a curtíssimo prazo, e se houver a aderência da classe falante e intelectual os resultados serão mais promissor quanto aos seus ideais.
Muitos podem perguntar o que querem esses escritores de novelas com a propagação de coisas que, aos olhos dos bons costumes, é perverso. A cultura de "menos filhos" e "mais divórcios" é uma crescente nas novelas e segundo o que o pesquisador diz: "Isso é uma conquista para a nova visão do mundo."
E neste contexto é observado que as mulheres são o grande alvo desta investida. Aquelas que antes agregavam e uniam a família, hoje desde jovens não pensam em casar, em constituir família e sim em aventuras, em fama e assim vão perdendo o sentido de tudo. Estudos revelam os "frutos" das novelas na vida e no coração do nosso povo.
A televisão tem avançado muito na tecnologia, até na maneira como é gravado, existem 2 maneira de fazer o espectador ficar emocionado (afinal de contas, a elite "joga" com os sentimentos, e é assim que alteram o comportamento do ser humano), com a audição e a visualização. Um/uma som/música atrás de um momento emocionante consegue fazer o espectador sentir o momento, ao sentir, vai aceitar no seu sub-consciente automaticamente (sem dar conta). Quando a novela está numa cena emocionante, o modo de gravação é alterado, o "camera-man" aproxima mais a cara do ator, faz o espectador sentir e aceitar mais o momento.
Os seres humanos já foram estudados há muito tempo atrás, descobriram que podemos ser maliáveis com os sentimentos, é ai que elite "brinca"com o povo.
Queda na taxa de natalidade no Brasil
A queda na taxa de natalidade no Brasil está relacionada com a audiência das telenovelas, segundo sugere um estudo realizado no Centro de Pesquisas para Política Econômica da Grã-Bretanha (CEPR, na sigla em inglês). Segundo o estudo, o tamanho pequeno das famílias representadas nas tramas das novelas brasileiras seria distante da realidade e influenciaria as mulheres a desejar poucos filhos.
Dados do Censo indicam que a taxa de natalidade caiu de 6,3 crianças por cada mulher em 1960 para 2,3 em 2000.
Os pesquisadores analisaram o conteúdo de 115 novelas transmitidas pela Rede Globo em dois horários diferentes entre 1965 e 1999 e descobriram que 72% das personagens femininas com idade até 50 anos não tinham filhos, comparados com 21% das personagens que eram mães. Para alcançar os resultados, a equipe comparou os dados das novelas com o índice de natalidade do país e o alcance do sinal da emissora em diversas áreas. O estudo indica que há uma relação entre o alcance do sinal da emissora e uma diminuição nas taxas de natalidade das mulheres que vivem nas áreas cobertas pelo canal. Segundo a pesquisa, o impacto é maior em mulheres com nível sócio-econômico mais baixo e na fase central e mais adiantada do ciclo de fertilidade.
Além da análise do impacto no índice de natalidade, a pesquisa aponta ainda que as personagens femininas influenciam de maneira “surpreendente” as escolhas dos nomes dos filhos.
Aumento dos Divórcios
Um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) sugere uma ligação entre as populares novelas da TV Globo e um aumento no número de divórcios no Brasil nas últimas décadas. Na pesquisa, foi feito um cruzamento de informações extraídas de censos nos anos 70, 80 e 90 e dados sobre a expansão do sinal da Rede Globo – cujas novelas chegavam a 98% dos municípios do país na década de 90.
Os resultados sugerem que essas áreas apresentaram um aumento de 0,1 a 0,2 ponto percentual na porcentagem de mulheres de 15 a 49 anos que são divorciadas ou separadas. Os pesquisadores vão além e dizem que o impacto é comparável ao de um aumento em seis vezes no nível de instrução de uma mulher. A porcentagem de mulheres divorciadas cresce com a escolaridade. O enredo das novelas freqüentemente inclui críticas a valores tradicionais e, desde os anos 60, uma porcentagem significativa das personagens femininas não reflete os papéis tradicionais de comportamento reservados às mulheres na sociedade. Foram analisadas 115 novelas transmitidas pela Globo entre 1965 e 1999. Nelas, 62% das principais personagens femininas não tinham filhos e 26% eram infiéis a seus parceiros.
Nas últimas décadas, a taxa de divórcios aumentou muito no Brasil, apesar do estigma associado às separações. Isso, segundo os pesquisadores, torna o país um “caso interessante de estudo”. Segundo dados divulgados pela ONU, os divórcios pularam de 3,3 para cada 100 casamentos em 1984 para 17,7 em 2002.